PRIMEIRO LUGAR DA LISTA DE MAIS VENDIDOS DO NEW YORK TIMES.
Best-Seller da Amazon. Isso é o que me dizem as capas de dois livros distintos,
dois pretensiosos romances de fantasia que ainda não chegaram ao mercado.
As capas são muito semelhantes entre si, algo que me faz
checar o nome dos autores. Uma saga, talvez? Mas apesar dos tons escuros, as
mesmas letras vistosas, os modelos que encaram o leitor com expressões vazias
(uma garota em um e um rapaz em outro) com seus olhos destacados por cores
vibrantes e irreais, são dois livros distintos de dois autores diferentes. Ou
melhor, após uma breve conferida, duas autoras diferentes.
O vendedor me sorri, fala que gostou muito de um deles. O
brilho no olhar não parece mentir — mesmo que eu ache que bons vendedores são
treinados para isso. Recebo o folhetim enquanto a compra é concluída, na
promessa de conferir a obra. Agradeço e saio.
Mais tarde, aproveito do tempo livre para ler rapidamente
aqueles capítulos, doados no objetivo de prender leitores desavisados em uma
trama envolvente. Acontece que está lá, destacada em uma maldita fonte cursiva,
antes mesmo da sinopse.
“Um bad boy lindo e perigoso.”
Consternada, irritada e um tanto quanto decepcionada,
desisto. Passo para o próximo folheto, lá está de novo. A frase. Com o mesmo
poder impactante da primeira.
“Seu corpo é perfeito, mas quando abre a boca destila
arrogância.”
Fecho o segundo. Pergunto-me: qual o problema comigo? Não li
o resto — na verdade, até olhei a sinopse e as histórias das autoras — e não
sei se terei coragem para ler os capítulos que deveriam tanto me fascinar.
Sinto-me chata, crítica, solitária.
O problema deve ser meu, realmente. Eu, que acho fascinante
o olhar de cigana oblíqua e dissimulada de Capitu; eu, que tantas vezes
insegura e perfeccionista com meus escritos debruço-me sobre grandes autores
(e autoras) com anotando frases e analogias. Que pesquiso em blogs, devoro
livros, percorro uma jornada incessante em busca da palavra perfeita. Sim, o
problema é comigo, fã dos homens bons e gentis, apaixonada por olhos que não me
transmitam esse fogo intenso e árduo da paixão, mas sim a chama cálida e
confortável da palavra amor.
Eu, brega, antiquada, romântica à moda antiga. O problema
deve ser este, acreditar em homens que são capazes de me fazer melhor e não me
tratar como bem lhe apetecem. Eu, que busco amizades sinceras e a gentileza
desaparecida nos pequenos atos. É defeito meu querer ser bem tratada, bem
cuidada, bem amada.
Onde já se viu? Mulher, que por amor próprio, jamais se
enquadraria nessas mocinhas ingênuas dos romances, sempre tão dispostas a
sofrer infernos pelo que elas acreditam ser amor. Ah, mas antes fosse sofrer
com problemas externos, com as conturbações do dia a dia e esse sem-fim de
casos que todo casal maduro já passou.
É sofrer na mão de sapos bonitos, de olhos magnéticos, corpo
sarado. Insensíveis, grosseiros, sarcásticos. Dispostos a rebaixar as mocinhas
puras e indefesas ao seu lugar de donzela em perigo. E elas, pobres coitadas,
acreditando na promessa que com o beijo das últimas páginas (ou o sexo em
alguns casos) esses sapos se tornarão príncipes — afáveis e cavalheirescos.
Devo ser louca, nadando contra a maré. Tendo aversão pelas mocinhas tontas e pelos bad boys irresistíveis dessa nova literatura. Torcendo o nariz para essas garotas que suspiram por esses cretinos e contando no jornal as tantas notícias sobre a violência doméstica. A relação entre uma coisa e outra? Fica para uma próxima. Necessito devorar agora algum livro com mulheres fortes e que não precisem de homens para se sobressair. Beber um copo d'água no meio desse deserto.
Agora eu li e volto a comentar: olha eu aqui, bom moço :v Mas eu gostei, acho meio tenso essa romantização da brutalidade e do escarnio. As pessoas não são mero objeto de prazer alheio.
<3 Então né? Tá difícil achar na literatura também kkkkk É um tanto quanto grotesca, na minha opinião, mas se tem quem vende é porque tem quem compra. Obrigada pelo comentário :3
Alguém que tem a mesma opinião que a minha, nas minhas histórias, o pouco romance que há, existem diversos obstáculos e quem corre atrás geralmente é ele, tenho um romance em que eles estão namorando, a menina consegue uma bolsa para uma faculdade conceituada na França ( o sonho dela) e o menino implorou para ela desistir e ficar lá com ele em base no argumento e "nós" Ela disse " meu sonho existe a 15 anos, nós só existe a 2 meses", eles meio que brigaram e não se falaram por muito tempo. Meninas parabéns pelo artigo
Olá Laís! Nem preciso dizer que me identifiquei muito com o texto. E é o que está acontecendo com algumas partes da literatura, estão vindo vários livros com a mesma história. E gente, nada contra um corpo sarado... Mas será que todo cara que é sarado é arrogante? Esse tipo de personagem masculino é o pior! E a mocinha bobona também! É uma fórmula batida, chata e que dá certo. Ai, eu, que sou simplesmente apaixonada por fazer narrador em 1º pessoa com personagens masculinos, percebe que os meus meninos, que são super fofos e humanos, não atraem a atenção de ninguém. Eu tenho personagens femininas fortes, que inclusive salvam os "homens em perigo", elas também não chamam atenção. Bons moços e meninas fortes eu tenho de sobra! =D Simplesmente amei o texto e você tá de parabéns por ele! Beijos!
Eu não vejo nada de errado em se ter um casal com um cara arrogante e com o clichê "coração bom' por dentro, o que me frustra eh que as meninas desses casais são todas tontas, inocentes e bobocas. Porque não existir um casal c um cara badboy e uma bad girl por exemplo? Estou assistindo Scrubs agora e morro de amores pelo casal do dr Cox e Jordan porque ela consegue ser tão ruim ou pior que ele, e ela não aceita de cabeça baixa as merdas que ele faz. O que me surpreende (ou não tendo em vista que muitas mulheres absorvem e defendem esse tipo de machismo) eh que são as mulheres quem mais fazem esse casal de " garota trouxa x bad boy". Isso me deixa muito chateada
Agora eu li e volto a comentar: olha eu aqui, bom moço :v
ResponderExcluirMas eu gostei, acho meio tenso essa romantização da brutalidade e do escarnio. As pessoas não são mero objeto de prazer alheio.
:3 <3
Excluir<3
ExcluirEntão né? Tá difícil achar na literatura também kkkkk
É um tanto quanto grotesca, na minha opinião, mas se tem quem vende é porque tem quem compra.
Obrigada pelo comentário :3
Alguém que tem a mesma opinião que a minha, nas minhas histórias, o pouco romance que há, existem diversos obstáculos e quem corre atrás geralmente é ele, tenho um romance em que eles estão namorando, a menina consegue uma bolsa para uma faculdade conceituada na França ( o sonho dela) e o menino implorou para ela desistir e ficar lá com ele em base no argumento e "nós"
ResponderExcluirEla disse " meu sonho existe a 15 anos, nós só existe a 2 meses", eles meio que brigaram e não se falaram por muito tempo.
Meninas parabéns pelo artigo
Olá Laís!
ResponderExcluirNem preciso dizer que me identifiquei muito com o texto. E é o que está acontecendo com algumas partes da literatura, estão vindo vários livros com a mesma história.
E gente, nada contra um corpo sarado... Mas será que todo cara que é sarado é arrogante?
Esse tipo de personagem masculino é o pior! E a mocinha bobona também! É uma fórmula batida, chata e que dá certo.
Ai, eu, que sou simplesmente apaixonada por fazer narrador em 1º pessoa com personagens masculinos, percebe que os meus meninos, que são super fofos e humanos, não atraem a atenção de ninguém.
Eu tenho personagens femininas fortes, que inclusive salvam os "homens em perigo", elas também não chamam atenção.
Bons moços e meninas fortes eu tenho de sobra! =D
Simplesmente amei o texto e você tá de parabéns por ele!
Beijos!
Eu não vejo nada de errado em se ter um casal com um cara arrogante e com o clichê "coração bom' por dentro, o que me frustra eh que as meninas desses casais são todas tontas, inocentes e bobocas. Porque não existir um casal c um cara badboy e uma bad girl por exemplo? Estou assistindo Scrubs agora e morro de amores pelo casal do dr Cox e Jordan porque ela consegue ser tão ruim ou pior que ele, e ela não aceita de cabeça baixa as merdas que ele faz. O que me surpreende (ou não tendo em vista que muitas mulheres absorvem e defendem esse tipo de machismo) eh que são as mulheres quem mais fazem esse casal de " garota trouxa x bad boy". Isso me deixa muito chateada
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