10 Dicas para descrever melhor.

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1. Conheça os cinco sentidos.

Parece óbvio, mas vejo muitas descrições em que se esquece dos cinco sentidos e se trabalha apenas a visão. Por um instante, não há problema algum com isso, depois a descrição fica bidimensional, seca, com aquele sentimento de que falta algo para melhorar. Então tente trabalhar ao menos dois sentidos entre visão, audição e tato. Olfato também é muito bem-vindo.

Tenha conhecimento que isso não é regra e que em alguns casos deverá ser burlada. A exemplo: sendo seu narrador-personagem surdo ou cego (ou estando momentaneamente nessas condições) o mundo a partir do ponto de vista dele será descrito pelos outros sentidos que possui. Ou até mesmo como uma ferramenta. Um exemplo que costumo citar desse caso é o livro Perfume (que inspirou o filme homônimo) descrito sumariamente pelo olfato, jogando tanto com o título quanto com o seu personagem principal e a própria história. Muitas vezes você não sabe a aparência das coisas, mas sabe como elas são pelo cheiro.

2. Conheça seu cenário.
Não adianta você ter todas as ferramentas e não ter o cenário a ser descrito. Pesquise, isso é importante em todas as esferas, entenda que nem sempre (a depender da época e contexto da história) certos cenários serão aceitáveis.

Por exemplo, em um vilarejo pobre eu não poderei dizer — por via de regra — que um camponês qualquer vive em uma mansão imensa. Também não posso cometer anacronismos históricos, pondo, a exemplo, luz elétrica em uma história medieval. Esses detalhes fazem uma imensa diferença em um cenário. Fidelidade contextual é de suma importância.

3. Não tenha medo de ser detalhista.

Uma boa descrição pode até omitir algumas coisas, mas uma excelente descrição tem a capacidade de te transportar para o universo da história. Fazendo o leitor visualizar até mesmo a poeira sobre o chão.

4. Porém, cuidado com os exageros.

Apesar do detalhamento ser importante, não o alongue demais, nem o faça em momentos inoportunos. No calor de uma batalha, o leitor não quer saber como são os filigranas da armadura de um cavaleiro, ou os entalhes de sua espada. Reserve para a descrição espaços onde não há tanta ação, normalmente quando estiver contextualizando os cenários no princípio da história.

Também não vá falar do desnecessário. Às vezes, menos é mais. É complicado equilibrar a descrição, porém é estupidamente necessário que isso aconteça. Tente encontrar o equilíbrio entre os detalhes e a cena em si. Uma descrição é uma fotografia, a cena é um filme, você tem que falar o que se passa enquanto mostra onde se passa.

Uma dica pessoal que eu dou (algo que aplico a mim mesma enquanto escrevo) é não tentar deixar mais de dois parágrafos sem um verbo de ação. Ou seja, enquanto descrevo faço o personagem olhar para determinado ponto, ou tocar, ou prestar atenção a um detalhe que quero descrever. Assim o ritmo fica mais fluido e não tão estático.

5. Conheça materiais.

Isso entra no nível de detalhamento. Vamos supor uma mesa, há uma diferença muito grande entre uma mesa de madeira, uma de metal e uma com o tampo de marfim. Tanto em seu valor quanto em sua simbologia. Sim, objetos podem ter simbologia. Em uma casa simples pode ser que exista uma mesa mais cara e isso pode significar que aquelas pessoas dão mais valor àquele ambiente (sim, isso é real). E nem vou mencionar as diferenças entre as madeiras, os metais e outros detalhes. Isso é para cada um.

Outro exemplo nesse âmbito é camas serão de materiais diferentes para épocas diferentes. Na Idade Média é óbvio que não existiam colchões de mola.

6. Se não souber muitos materiais, jogue a sensação que aquilo lhe causa.

A capacidade de transportar o leitor também está associada às sensações que os locais lhe causam. Por exemplo, uma sala vazia e estreita é diferente de um hall amplo e bem iluminado. Os cenários podem (e devem!) transmitir sentimentos ao leitor. Até se pode opô-los aos sentimentos dos personagens.

A exemplo: Um velório em um dia ensolarado. Joga-se com a ideia de um clima alegre e o humor triste do lugar. Pode-se também fazer a correlação que existe na maior parte dos filmes: velórios em dia de chuva e/ou outono.

7. Cores são importantes

Ninguém espera que você conheça todos os tons do mundo, mas é importante caracterizar as cores. Um turquesa sempre será diferente de um azul royal. Da mesma forma, uma pele de marfim é diferente de uma azeitonada. Isso levando em consideração a maior parte das descrições (feitas pela visão).

8. Não tenha medo de usar figuras de linguagem.
Exemplo bem clichê de comparação: “Os olhos dela eram verdes como esmeraldas.”
Se dissesse apenas verde, haveria uma infinidade de tons, mas a comparação já associa a um único tipo de olho. Da mesma forma são os cenários. Se quiser mais informações sobre as figuras de linguagem, vale dar uma olhada aqui.
Nem todas serão aplicáveis a um texto descritivo, porém uma boa parte vem a calhar.


9. EXERCITE!
Tradução: Escrever é difícil.
Esse é o penúltimo item da minha pequena lista, sim, exercite. Escrita é, acima de tudo, um exercício diário. Desafie-se, ande com um bloquinho dentro do bolso, comece a observar as coisas e pensar “como eu colocaria isso em uma cena”. Veja filmes, leia livros.


10. CRIE SUAS PRÓPRIAS REGRAS
Tradução: Desafio Aceito
É, você leu até aqui para me ler dizer que essas dicas podem não funcionar muito bem. Esse passo-a-passo é muito pautado em minha própria experiência como escritora e muita coisa que serve pra mim pode não servir para você.


Invente, reinvente. Sinta-se à vontade para explorar outros pontos não mencionados!

Espero que tenham gostado das dicas! Beijos e até a próxima.


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3 comentários:

  1. Amei o artigo! Extremamente bem escrito e um conteúdo impecável!
    Com certeza vou aplicar essas dicas!
    Parabéns

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    1. Obrigada! :)
      Foi um prazer compartilhar isso. Espero que todas as dicas te sirvam bem!

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  2. Ficou bem claro e percebi que mal uso os sentidos nas minhas histórias, vou experimentar usá-los com maior dedicação! Obrigada!

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