A forma de utilização de uma língua sempre esteve relacionada a status e poder. Falar correto e escrever correto separa as pessoas. A língua inglesa é a língua principal do mundo por causa dos poderes bélicos da Inglaterra e depois dos EUA. Países são divididos ou unidos por causa da língua. Brasileiros não se acham latinos, porque não falam espanhol. Em resumo, a língua tem poder.
E num país onde 50 % dos universitários são analfabetos funcionais, quem escreve um livro de repente vira detentor desse poder. Ou pelo menos é o que ele acha.

Alguns colegas escritores, às vezes confundem valorização do próprio trabalho com arrogância. Está claro que se você não valorizar seu trabalho, ninguém irá. Aquela cara de pau é essencial. Você precisa dela para mandar um original a uma editora. Precisa para divulgar seu livro. Afinal você passou horas dedicado a ele. É sua grande criação, horas de esforço incalculável gastas em pesquisas, em escrita e rescrita. Sem falar no gasto financeiro que irremediavelmente você terá.



Então as pessoas têm que entender o quanto sua história é legal. Será mesmo? A realidade editorial do Brasil é dura, dura demais. Podemos escrever um livro sobre todas essas dificuldades. Mas tentar convencer os outros que você é o novo Machado de Assis não irá ajudar. Pelo contrário.

Ou elas irão criar um abuso infinito de vocês pois “por que comprar o livro desse babaca se eu posso comprar dessa pessoa legal?” E não se iludam: escritores novos precisam de conquistar o público, pessoa por pessoa. É um trabalho de formiguinha.

Ou elas irão comprar seu livro e ler procurando encontrar cada probleminha. Cada defeitinho será multiplicado por mil. Se não encontrar na grafia, vai encontrar na história. Criar uma aura de perfeição em torno de sua obra não é uma boa ideia. Principalmente para autores iniciantes.

Valorize seu trabalho. Mostre o que o faz diferente e merecedor de atenção. Mas mostre que você tem muito o que aprender. Porque amiguinho, você tem MUITO o que aprender. Não importa o quão bom você seja.

Tem um baterista muito famoso, o nome dele é Neil Peart da banda Rush. Ele é tão bom que todos os anos vencia as votações para melhor baterista do mundo. E já que estava perdendo a graça ele passou a ser hors concours em todos prêmios. E sabe o que ele faz? TODOS os dias ele tem aula de bateria. Até hoje. E é por isso que ele continua a ser o melhor. Porque sabe que ainda tem o que aprender e reconhece isso.

Então amiguinhos, vamos respirar fundo. Vamos saber que, se tudo correr bem, esse será apenas o primeiro de inúmeros livros lançados. E que reconhecer o caminho e suas pedras, fará ele bem mais agradável e menos propenso a topadas.


Tecnologia do Blogger.