Antes de começar a resenha preciso narrar o que me ocorreu na compra deste livro. Semana de Natal, lojas movimentadas, ainda que não estejam completamente abarrotadas. Entro na livraria, há um atendente que me parece desocupado no fundo. Como já tenho o livro que desejo em mente, pergunto:

“Moço, vocês têm o Frankenstein de Mary Shelley?”

“Já procurou na seção de fantasia. Essas novas versões de clássicos devem estar por lá.”

Surpreendi-me, não nego. Acredito que se eu tivesse falado Drácula de Bram Stoker ele não teria dito isso, ou talvez seja coisa da minha cabeça. Respiro fundo e falo com toda a calma que consigo:

“Falo do clássico Frankenstein.”

“Ah, o clássico? Deve estar por ali” indica uma prateleira. Eu não conheço a livraria dali, estou visitando a cidade, e mesmo que conhecesse sou desorientada o suficiente pra saber que não ia achar. Porém, ele mostra tanta má vontade que decido dar uma olhada e perguntar a uma moça do outro lado.

Depois, confesso, me arrependi de tê-lo feito.

Nosso diálogo foi mais ou menos assim:

“Moça, vocês têm o Frankenstein?”

“Frank-o quê?”

“Frankenstein...  Sabe... o clássico?”

Ela me olha confusa, mas nessa altura do campeonato eu já estou apressada demais pra emendar. Ainda assim, tenta buscar nos computadores o nome, mas não sabe digitar. Eu não a culpo, demorei a aprender a digitar o título mesmo e ainda me confundo vez por outra, porém ela sequer conhece o livro. Acredito que quando uma senhora chega ao lugar ela vê na nova cliente a oportunidade de escapar de mim. Fala que tem de atendê-la, digo que tudo bem. Continuo por ali, na frente do computador de consulta.

Foi após alguns minutos de impaciência que decidi procurar por mim mesma o livro. O encontrei, paguei, saí. A indignação permaneceu. E permanece até agora, mas vamos ao que interessa.

A curiosidade com este livro me veio com o blog. Eu tenho uma certa (e suspeita) paixão por clássicos da literatura gótica, mesmo assim não pretendia ler o Frankenstein até, pela Taverna, passar a procurar mais autoras em gêneros de fantasia, ficção, poesia. Então deparei-me com uma análise que colocava o Frankenstein de Mary Shelley como um dos precursores da ficção científica. Ora, quer coisa mais fantástica que uma mulher ser precursora de um gênero como a ficção científica?
Tomada pela curiosidade, tentei adquirir o livro o mais rápido e foi apenas nesse episódio narrado que o consegui. Há algo de muito cativante sobre o Frankenstein, algo que não tem a ver com a criação de Victor Frankenstein ou as cartas de Walton a sua irmã.

Frankenstein, o livro, nasceu de um desafio proposto por ninguém menos que Byron, em uma reunião de verão em Genebra. Nesta reunião, Mary Shelley era a única mulher presente, junto a seu esposo Percy Shelley. O desafio era escrever e ler para os demais uma história de terror e Mary Shelley o fez.

Um romance epistolar, envolvente, questionador. Por vezes, chego a me perguntar se o monstro é o Prometeu ou o Victor, quem é mais cruel? Um, ávido por conhecimento e reconhecimento, desafia leis imutáveis quando decide dar vida a um corpo. Ele seleciona partes de corpos, os costura e finalmente nasce o monstro. Porém, o Prometeu é uma criatura horrenda, cuja descrição é fascinante.
Aliás, sobre a descrição, é necessário fazer o aviso que o livro é de 1820 (há divergências que o colocam em 1818) e, portanto, o estilo com o qual é escrito pode parecer enfadonho. É um livro curto, perto de outros clássicos, e repleto de reflexões do personagem. Narrado em primeira pessoa (entre as cartas de Robert Walton e os relatos de Victor Frankenstein) não me decepcionou nem um pouco.

Somos apresentados, inicialmente, a Walton que escreve para a irmã do Polo Norte. Mandando sempre notícias acerca de suas empreitadas, é nesse contexto que Walton encontra Frankenstein, acabado e delirando, perseguindo uma criatura gigantesca.

Esqueça o que você sabe agora sobre o monstro, ele NÃO é estúpido como já foi representado em diversos filmes, tampouco é descuidado. O Prometeu (o chamarei assim devido ao título completo do livro, pois, na verdade, ele nem tem um nome próprio) é inteligente, perigoso, cativante. Sua maneira de dialogar é impecável e muitas vezes chego a questionar em como acreditar que ele foi autodidata por vários meses. Aprendeu a ler e a falar inteiramente só, observando uma família e suas reações, também aprendeu sobre a sociedade e seus costumes.

Não houve uma única vez que não me colocasse diante de intermináveis possibilidades. Se o Victor não tivesse sido tão afoito? E se ele tivesse cumprido o acordo que fez com sua criatura? E se o Prometeu não tivesse agido daquela forma? Não vou continuar, pois haveria ainda mais spoilers (existe spoiler pra um livro com quase duzentos anos?) apenas recomendo a leitura para quem gosta de um bom clássico ou para quem quer, como eu, conhecer mais da maravilhosa escritora Mary Shelley.

Aliás, depois de ler um pouco de sua biografia, tive vontade de devorar todos os livros dela. Escrita apaixonante, detalhista, completa. Não é à toa que se tornou um dos maiores nomes da literatura. E é uma pena que ainda existam cenas como a que narrei a princípio. O que me fazem questionar se ela é menos reconhecida por ser mulher, ou pela soma de todos os fatores de sua vida?


Mas este assunto, prometo, ficará para outro dia. Agora apenas deixo essa obra maravilhosa indicada na nossa estante. Fiquem à vontade, puxem uma cadeira e sintam-se convidados a ler um dos precursores da Ficção Científica, Frankenstein ou o Prometeu Moderno de Mary Shelley.

Dia cinco de novembro. Preciso falar que esse é o dia que começo a escrever este artigo. E há exatos 36 dias que não fico um único dia sem escrever. Pois é, esse artigo é sobre o desafio (às vezes imenso e infinito) de escrever todos os dias.

Acredito que escrevi antes desses trinta e seis dias, provavelmente rascunhos e rasuras, mas não importa. Conto esses dias por dois motivos: o desafio de outubro do Nyah! Fanfiction e o NanoWriMo. Mas o que é isso? Vou explanar por partes. Primeiro, o desafio de outubro, pela sequência cronológica.

O Nyah! Fanfiction desafiou seus escritores diversas vezes durante o ano, contudo, no último desafio repetiu algo que já tinha feito antes. A proposta dos escritores escreverem TODOS os dias. Ah... Mas dessa vez não era apenas escrever todos os dias. Era escrever EXATAMENTE cem palavras — ou duzentas a partir do vigésimo dia —. Confesso que minha primeira reação foi “mas o que dá pra falar em cem palavras? É tão pouco.”

Ainda assim, meti minha cara a tapa, me desdobrei entre a volta das aulas e o chacoalhar do ônibus para postar 29 mini contos. Agora, para aqueles que fizeram as contas devem se perguntar: mas outubro não tem 31 dias? Pois bem. O desafio começou apenas no dia dois de outubro e o dia 27/10 (acredito eu) não consegui chegar a tempo de postar a história no site. Sabe como é, né? Horário de verão, o meu dia ia até meia noite, o do site até as 23h. Não entendeu? Nem eu entendo esse horário, mas não vem ao caso. A questão é que todos os dias rabisquei palavras e sabe qual foi o resultado da experiência?

A capacidade de trocar frases, reelaborar sentenças. Aprender, com árduos sacrifícios, que MENOS é MAIS. O desafio acabou, não falarei dos números ou do retorno, apenas das histórias maravilhosas que tive o prazer de esbarrar e que ainda me permitirei ler com calma. Entre trancos e barrancos, concluí meu projeto. E amei cada dia, apesar de me sentir perdida com as palavras e algumas escolhas. Mas isto são outros quinhentos.

Um dos meus mini-contos. Palavra do dia 02/10: Semota.
Quanto ao NanoWriMo, não é a primeira vez que leio sobre, nem que vejo os anúncios de autores participando, mas é a primeira vez que decido, independente das provas da faculdade, da loucura dos dias corridos, da vida sempre te cobrando mais e mais, participar. O Nano sempre cai no mês do meu aniversário (novembro) e isso também é uma dificuldade. Significa um dia a menos e, convenhamos, um dia a menos quando se tem apenas 30 dias para cinquenta mil palavras é muita coisa.

Sim, vocês leram certo. 30 dias para 50 mil palavras. Isso dá a média de 1667 palavras por dia, o que pode até não parecer muito (ou não) a primeira vista, mas que quando se começa, não se sabe quando irá alcançar. Diferente do desafio do Nyah, cuja história devia ser lida e relida até ter apenas cem palavras, o Nano te faz escrever sem ligar.

Escrever por escrever. Escrever pela ideia, pela sensação que a história necessita ser posta para fora. Isso é algo que não tem comparação.

Quantos de nós, autores e autoras, desistimos de uma história por não julgá-la boa o suficiente? Pela pressão dos pequenos erros, pela insegurança. As tantas incertezas que permeiam nossa mente durante e após o processo da escrita.

Nesses cinco primeiros dias do NanoWriMo descobri muita coisa, algumas que necessitava provar — como boa cabeça dura que sou — para mim mesma. Outras que desconhecia, não pretendia fazer uma lista ao início do artigo, mas aí vai o meu primeiro ponto:

Nós nem sempre temos domínio completo do roteiro. E calma! Deixá-lo fluir também faz parte!

O tempo todo eu li sobre a importância dos roteiros bem elaborados, das histórias bem delineadas, de todas essas minúncias feitas logo na primeira escrita. O que aprendo agora é que “nada está bom o suficiente na primeira vez”. Então, se você está achando ruim sua história, não se desespere! Nenhum rascunho é bom na primeira vez que é esboçado, nada é tão bom que não possa ser melhorado.

Relaxe, aproveite o trajeto.

Aqui, já vou mudar o roteiro de novo. Escrevi para esse artigo pouco mais de setecentas palavras e preciso voltar a minha história. Não posso fazer uma lista mais longa.

Quem sabe, ao fim desta loucura, não coloque uma listinha aqui pela Taverna de 30 coisas que aprendi com o NanoWriMo?


Agora, fica apenas meu desejo de sorte para todos os participantes. E minha pressa em voltar logo ao trabalho. Uma ideia me chama! Até mais!


1. Conheça os cinco sentidos.

Parece óbvio, mas vejo muitas descrições em que se esquece dos cinco sentidos e se trabalha apenas a visão. Por um instante, não há problema algum com isso, depois a descrição fica bidimensional, seca, com aquele sentimento de que falta algo para melhorar. Então tente trabalhar ao menos dois sentidos entre visão, audição e tato. Olfato também é muito bem-vindo.

Tenha conhecimento que isso não é regra e que em alguns casos deverá ser burlada. A exemplo: sendo seu narrador-personagem surdo ou cego (ou estando momentaneamente nessas condições) o mundo a partir do ponto de vista dele será descrito pelos outros sentidos que possui. Ou até mesmo como uma ferramenta. Um exemplo que costumo citar desse caso é o livro Perfume (que inspirou o filme homônimo) descrito sumariamente pelo olfato, jogando tanto com o título quanto com o seu personagem principal e a própria história. Muitas vezes você não sabe a aparência das coisas, mas sabe como elas são pelo cheiro.

2. Conheça seu cenário.
Não adianta você ter todas as ferramentas e não ter o cenário a ser descrito. Pesquise, isso é importante em todas as esferas, entenda que nem sempre (a depender da época e contexto da história) certos cenários serão aceitáveis.

Por exemplo, em um vilarejo pobre eu não poderei dizer — por via de regra — que um camponês qualquer vive em uma mansão imensa. Também não posso cometer anacronismos históricos, pondo, a exemplo, luz elétrica em uma história medieval. Esses detalhes fazem uma imensa diferença em um cenário. Fidelidade contextual é de suma importância.

3. Não tenha medo de ser detalhista.

Uma boa descrição pode até omitir algumas coisas, mas uma excelente descrição tem a capacidade de te transportar para o universo da história. Fazendo o leitor visualizar até mesmo a poeira sobre o chão.

4. Porém, cuidado com os exageros.

Apesar do detalhamento ser importante, não o alongue demais, nem o faça em momentos inoportunos. No calor de uma batalha, o leitor não quer saber como são os filigranas da armadura de um cavaleiro, ou os entalhes de sua espada. Reserve para a descrição espaços onde não há tanta ação, normalmente quando estiver contextualizando os cenários no princípio da história.

Também não vá falar do desnecessário. Às vezes, menos é mais. É complicado equilibrar a descrição, porém é estupidamente necessário que isso aconteça. Tente encontrar o equilíbrio entre os detalhes e a cena em si. Uma descrição é uma fotografia, a cena é um filme, você tem que falar o que se passa enquanto mostra onde se passa.

Uma dica pessoal que eu dou (algo que aplico a mim mesma enquanto escrevo) é não tentar deixar mais de dois parágrafos sem um verbo de ação. Ou seja, enquanto descrevo faço o personagem olhar para determinado ponto, ou tocar, ou prestar atenção a um detalhe que quero descrever. Assim o ritmo fica mais fluido e não tão estático.

5. Conheça materiais.

Isso entra no nível de detalhamento. Vamos supor uma mesa, há uma diferença muito grande entre uma mesa de madeira, uma de metal e uma com o tampo de marfim. Tanto em seu valor quanto em sua simbologia. Sim, objetos podem ter simbologia. Em uma casa simples pode ser que exista uma mesa mais cara e isso pode significar que aquelas pessoas dão mais valor àquele ambiente (sim, isso é real). E nem vou mencionar as diferenças entre as madeiras, os metais e outros detalhes. Isso é para cada um.

Outro exemplo nesse âmbito é camas serão de materiais diferentes para épocas diferentes. Na Idade Média é óbvio que não existiam colchões de mola.

6. Se não souber muitos materiais, jogue a sensação que aquilo lhe causa.

A capacidade de transportar o leitor também está associada às sensações que os locais lhe causam. Por exemplo, uma sala vazia e estreita é diferente de um hall amplo e bem iluminado. Os cenários podem (e devem!) transmitir sentimentos ao leitor. Até se pode opô-los aos sentimentos dos personagens.

A exemplo: Um velório em um dia ensolarado. Joga-se com a ideia de um clima alegre e o humor triste do lugar. Pode-se também fazer a correlação que existe na maior parte dos filmes: velórios em dia de chuva e/ou outono.

7. Cores são importantes

Ninguém espera que você conheça todos os tons do mundo, mas é importante caracterizar as cores. Um turquesa sempre será diferente de um azul royal. Da mesma forma, uma pele de marfim é diferente de uma azeitonada. Isso levando em consideração a maior parte das descrições (feitas pela visão).

8. Não tenha medo de usar figuras de linguagem.
Exemplo bem clichê de comparação: “Os olhos dela eram verdes como esmeraldas.”
Se dissesse apenas verde, haveria uma infinidade de tons, mas a comparação já associa a um único tipo de olho. Da mesma forma são os cenários. Se quiser mais informações sobre as figuras de linguagem, vale dar uma olhada aqui.
Nem todas serão aplicáveis a um texto descritivo, porém uma boa parte vem a calhar.


9. EXERCITE!
Tradução: Escrever é difícil.
Esse é o penúltimo item da minha pequena lista, sim, exercite. Escrita é, acima de tudo, um exercício diário. Desafie-se, ande com um bloquinho dentro do bolso, comece a observar as coisas e pensar “como eu colocaria isso em uma cena”. Veja filmes, leia livros.


10. CRIE SUAS PRÓPRIAS REGRAS
Tradução: Desafio Aceito
É, você leu até aqui para me ler dizer que essas dicas podem não funcionar muito bem. Esse passo-a-passo é muito pautado em minha própria experiência como escritora e muita coisa que serve pra mim pode não servir para você.


Invente, reinvente. Sinta-se à vontade para explorar outros pontos não mencionados!

Espero que tenham gostado das dicas! Beijos e até a próxima.


Nem sempre autores de fantasia criam seus próprios mundos. Muitos gostam de usar povos e épocas históricas. Vikings e Celtas são os favoritos. Vamos falar um pouco sobre os estereótipos mais equivocados em relação aos celtas:

1    1   São povos que viveram na idade média.


Não amiguinhos. A expansão máxima dos Celtas se dá no século III a.C. Quando falamos em Celtas estamos falando de antiguidade, não de idade média (período entre os século V e XV d.c.). Sua origem é incerta, mas foram os primeiros povos a manipular ferro nessas áreas. Nos primeiros séculos da idade média alguns reinos e aldeias mantinham traços celtas em suas culturas, mas era algo já visto como antigo.

2    2    São povos que viveram nas ilhas britânicas.


Os celtas viveram em boa parte da Europa ocidental. Na península ibérica houve grande presença desses povos. No norte de Portugal e Espanha ainda há traços celtas na música e crenças. Você que é descendente de português pode ser descendente celta e nem sabe. Então eles viveram também nas ilhas britânicas, mas de forma alguma só nelas. Até hoje algumas regiões falam línguas celtas (marcado de verde escuro no mapa).

3    3     Celtas eram necessariamente ruivos.

Pelos celtas serem muito associados a Escoceses e Irlandeses o tipo físico da região ficou associado a eles. Celtas podiam ser ruivos, mas não era a maioria deles. A única característica física certa era a pele bastante clara e estatura maior que romanos e gregos. Muitos celtas tinham cabelos pretos e olhos claros. Essas características vão depender da região e da época retratada.

4    4      Era uma sociedade matriarcal.



 Muito se romantiza os celtas e esse é um erro muito comum. Grande parte das aldeias eram lideradas por homens assim como as famílias. Mas era possível mulheres ficarem no comando e lutarem. Algo impensável entre romanos.

5    5     Uma única religião celta.

Estamos falando de vários povos que receberam o nome genérico de ‘celtas’. Não há uma mitologia organizada como a dos romanos, gregos ou vikings. Cada povo em cada época possuía diferentes deuses.  Do pouco que se sabe, em muitas aldeias a natureza era a expressão máxima da Deusa-Mãe. A divindade máxima era feminina, a Deusa-Mãe, cuja manifestação era a própria natureza e por isso a sociedade celta, embora não fosse matriarcal, mesmo assim a mulher era soberana no domínio das forças da natureza. A religião celta era politeísta com características animistas, sendo os ritos quase sempre realizados ao ar livre. Suspeita-se que algumas das suas cerimônias envolviam sacrifícios humanos.
Com a crescente secularização da sociedade europeia, surgiram movimentos neopagãos, que buscam a adaptação aos novos tempos das crenças do paganismo antigo, sendo alguns dos principais representantes a wicca e os neodruidas, que, embora contenham alguns elementos celtas, não são célticos, nem representam a cultura do povo celta.
A wicca tem sua origem na obra de ocultistas do século XX, como Gerald Brousseau Gardner e Aleister Crowley. Já o neodruidismo não tem uma fonte única, sendo uma tentativa de reconstruir o druidismo da Antiguidade, tendo a sua estruturação sido iniciada em sociedades secretas da Grã-Bretanha a partir do século XVIII.

Também é interessante saber de movimentos atuais como “As seis nações celtas”, que vou deixar o link aqui para não me prolongar demais: https://pt.wikipedia.org/wiki/Na%C3%A7%C3%B5es_celtas

Com certeza voltaremos em breve ao assunto que tanto fascina e tanto causa confusões.

                                                                                                                                                                           
PRIMEIRO LUGAR DA LISTA DE MAIS VENDIDOS DO NEW YORK TIMES. Best-Seller da Amazon. Isso é o que me dizem as capas de dois livros distintos, dois pretensiosos romances de fantasia que ainda não chegaram ao mercado.

As capas são muito semelhantes entre si, algo que me faz checar o nome dos autores. Uma saga, talvez? Mas apesar dos tons escuros, as mesmas letras vistosas, os modelos que encaram o leitor com expressões vazias (uma garota em um e um rapaz em outro) com seus olhos destacados por cores vibrantes e irreais, são dois livros distintos de dois autores diferentes. Ou melhor, após uma breve conferida, duas autoras diferentes.

O vendedor me sorri, fala que gostou muito de um deles. O brilho no olhar não parece mentir — mesmo que eu ache que bons vendedores são treinados para isso. Recebo o folhetim enquanto a compra é concluída, na promessa de conferir a obra. Agradeço e saio.

Mais tarde, aproveito do tempo livre para ler rapidamente aqueles capítulos, doados no objetivo de prender leitores desavisados em uma trama envolvente. Acontece que está lá, destacada em uma maldita fonte cursiva, antes mesmo da sinopse.

“Um bad boy lindo e perigoso.”

Consternada, irritada e um tanto quanto decepcionada, desisto. Passo para o próximo folheto, lá está de novo. A frase. Com o mesmo poder impactante da primeira.

“Seu corpo é perfeito, mas quando abre a boca destila arrogância.”

Fecho o segundo. Pergunto-me: qual o problema comigo? Não li o resto — na verdade, até olhei a sinopse e as histórias das autoras — e não sei se terei coragem para ler os capítulos que deveriam tanto me fascinar. Sinto-me chata, crítica, solitária.

O problema deve ser meu, realmente. Eu, que acho fascinante o olhar de cigana oblíqua e dissimulada de Capitu; eu, que tantas vezes insegura e perfeccionista com meus escritos debruço-me sobre grandes autores (e autoras) com anotando frases e analogias. Que pesquiso em blogs, devoro livros, percorro uma jornada incessante em busca da palavra perfeita. Sim, o problema é comigo, fã dos homens bons e gentis, apaixonada por olhos que não me transmitam esse fogo intenso e árduo da paixão, mas sim a chama cálida e confortável da palavra amor.

Eu, brega, antiquada, romântica à moda antiga. O problema deve ser este, acreditar em homens que são capazes de me fazer melhor e não me tratar como bem lhe apetecem. Eu, que busco amizades sinceras e a gentileza desaparecida nos pequenos atos. É defeito meu querer ser bem tratada, bem cuidada, bem amada.

Onde já se viu? Mulher, que por amor próprio, jamais se enquadraria nessas mocinhas ingênuas dos romances, sempre tão dispostas a sofrer infernos pelo que elas acreditam ser amor. Ah, mas antes fosse sofrer com problemas externos, com as conturbações do dia a dia e esse sem-fim de casos que todo casal maduro já passou.

É sofrer na mão de sapos bonitos, de olhos magnéticos, corpo sarado. Insensíveis, grosseiros, sarcásticos. Dispostos a rebaixar as mocinhas puras e indefesas ao seu lugar de donzela em perigo. E elas, pobres coitadas, acreditando na promessa que com o beijo das últimas páginas (ou o sexo em alguns casos) esses sapos se tornarão príncipes — afáveis e cavalheirescos.

Devo ser louca, nadando contra a maré. Tendo aversão pelas mocinhas tontas e pelos bad boys irresistíveis dessa nova literatura. Torcendo o nariz para essas garotas que suspiram por esses cretinos e contando no jornal as tantas notícias sobre a violência doméstica. A relação entre uma coisa e outra? Fica para uma próxima. Necessito devorar agora algum livro com mulheres fortes e que não precisem de homens para se sobressair. Beber um copo d'água no meio desse deserto.


Olá, galera! Nossa primeira postagem será sobre os motivos que nos levaram a criar esse blog.

Eu, Juliana Leite, e a Laís Lacet somos escritoras do gênero fantasia e vemos, quase que diariamente, muitos comentários que mostram que as pessoas em geral acham que se você é uma escritora, você escreve romance fofo ou romance hot - necessariamente.

Essa turma acha que mulher não sabe escrever cenas de lutas ou batalhas, que não sabe escrever cenas pesadas, de terror. Meus amores, se vocês são dessa turma, podem começar a mudar de ideia porque isto está bem equivocado.

Conhecemos inúmeras escritoras de fantasia, aventura, distopias, histórias de época que publicam na internet e/ou já publicaram seus livros. Queremos mostrar o trabalho dessas escritoras. Faremos resenhas de livros e fanfics. E queremos dar dicas para ajudar a escrever esses gêneros. Cenas de luta, batalhas, vestimentas, comportamento, criação de mundos, criação de raças, etc. Também questões históricas se for o caso. Dicas de filmes, séries e outros livros que possam ajudar.

Talvez agora alguém esteja falando: “Ah, então vocês são contra romances?” Mas a resposta é que é claro que não! Amamos romance também! Porém queremos abrir espaço para histórias que não focam apenas no romance, gêneros que passam muitas vezes despercebidos a infinitas histórias similares. Um enfoque em especial: a Fantasia, ou Ficção Fantástica, como preferir chamar. Mas nada impede que falemos de romances, todavia eles estarão inseridos no contexto já mencionado.

Esperamos que vocês gostem do nosso blog, aproveitem as dicas e conheçam as várias escritoras maravilhosas que temos por aí.
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